Matéria atualizada às 18h52min desta quinta.

Walter está deixando o Pelotas. Alvo de protestos de alguns torcedores na tarde desta quarta-feira (2), durante e após a vitória do Lobo por 3 a 0 sobre o Real, de Tramandaí, pelo Troféu Rei Pelé, o atacante não foi usado por Wiliam Campos e permaneceu no banco de reservas. Enquanto aquecia, ouviu cobranças de um torcedor à beira do alambrado. Na saída do estádio, os ânimos esquentaram. Conforme o repórter Marcelo Prestes, da Rádio Universidade, ele conversou com o presidente Rodrigo Brito e pediu desligamento, algo que envolve também questões pessoais e familiares.

Na primeira situação de reclamação desta quarta, em meio ao jogo, o atleta saiu de trás do gol da Boca do Lobo e continuou a atividade no centro do campo, ao lado da casamata áureo-cerúlea. Depois, segundo relatos do jornalista Tallis Machado, da Rádio Pelotense, ele teve áspera discussão com alguns torcedores. Walter precisou de escolta policial para se deslocar até sua casa, que fica próxima ao estádio.

> Os 76 dias de Walter no Pelotas.

Críticas a Wiliam Campos

Ao atender a Rádio Universidade, na noite desta quarta, o agora ex-camisa 18 do Lobo lamentou o tom de parte das cobranças recebidas. Agradeceu ao presidente Rodrigo Brito, a quem pediu desculpas por não ter conseguido ajudar a colocar o clube na elite gaúcha, e escancarou a falta de sintonia com o técnico Wiliam Campos.

O jogador se disse grato aos torcedores em geral, lembrou da visibilidade que fez o Pelotas ter em todo o País após sua contratação, com reportagens em rede nacional, e reforçou o pedido de desculpa aos "verdadeiros" áureo-cerúleos.

A seguir, alguns dos principais trechos da entrevista de Walter a Marcelo Prestes, na RU:

"Tinha duas, três, quatro pessoas lá me jurando. Infelizmente o torcedor pensa que pode falar o que quiser e não pode escutar. A gente conversou e achei melhor ir pra minha casa, esfriar minha cabeça, que eu ganho mais".

"Foi bem difícil a conversa que eu tive com o presidente. Ele confiou em mim e eu fiz de tudo. Emagreci e tal. Não adianta eu querer ajudar sem poder jogar. Olha quantos jogos eu joguei. Não tive. O torcedor pode me cobrar o erro que eu tive de pênalti. Tudo bem. Eu emagreci 14, 15 quilos, dava pra jogar mais tempo. A opção dele foi não ter me colocado. Tudo bem".

"Ele me colocou no jogo contra o Novo Hamburgo, eu tive mais tempo, e minha qualidade foi diferente. Ele não acreditou em mim. É difícil. O treinador quando não confia perde toda a confiança do jogador. Eu sou muito grato ao presidente. Peço desculpas de não dar esse retorno a ele, de subir pra Série A. Infelizmente teve uma pessoa que atrapalhou isso e não tive chance de jogar".

"A gente conversava numa boa. Jamais eu ia cobrar ele por não estar me levando pro jogo. Por ele não estar me colocando pra jogar. Eu vim contratado, cara. E ele em dois jogos não me levou pro jogo. É uma falta de respeito muito grande por mim. Dois treinos ele me deixou fora. Só que eu sou um cara calado. E eu treinando bem, entendeu? Ele tem as escolhas dele. Nada contra ele, ele no canto dele, eu no meu. Tinha condição de ajudar mais, mas tudo tem o seu por quê".

"Aquilo lá foi uma bomba que ele colocou na minha mão. É uma bomba que pode estourar na sua mão. [...] No final do jogo ele falou pra mim pra eu entrar, pra bater pênalti, e aí passa mil coisas na cabeça da gente. Fui muito homem, fui lá bater o pênalti".

Só cinco jogos

Contratado em maio e recebido com festa da torcida, o atacante perdeu mais de dez quilos desde então. Apesar da melhor forma física, participou de apenas cinco partidas pelo Lobo, nenhuma como titular. Totaliza pouco mais de 60 minutos em campo, contando acréscimos dos jogos. Chamado para bater um dos pênaltis na decisão contra o Monsoon, domingo, pela Divisão de Acesso, Walter foi um dos jogadores que desperdiçaram suas cobranças.

Em entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira, Rodrigo Brito já havia afirmado que a situação entre clube e jogador seria conversada.